×

E o leitor, como fica? – Parte III

Ilustra_EOLCF_003 E o leitor, como fica? - Parte III

      Mas antes de eu expôr aqui a resposta que nós, leitores, poderíamos dar para estas cruéis editoras que nos deixam tão desamparados, farei um pequeno comentário pertinente ao tema.

      Como já havia mencionado no capítulo anterior deste artigo (se não leu, vai ler), ao entrar em contato com o editor Dário Chaves, a respeito do porquê do cancelamento da publicação da série “Graphic Talents” (título este que, a cada edição mensal publicava um artista brasileiro diferente e, o que era melhor, gente relativamente nova ou pouco conhecida do grande público, artistas de fora do eixo Rio/Sampa), ele me informou que a brusca parada da publicação só se deu devido às baixas vendas alcançadas. O que é um ponto muito sério a ser discutido aqui!!!

      Ora, minha gente, o que tá acontecendo? Só estão lendo quadrinhos estrangeiros? Esqueceram que por aqui também se faz histórias em quadrinhos? Pois se faz, sim senhor! E das boas!!! Temos ótimos artistas! Exemplo é o que não falta: Mauricio de Sousa, Angeli, Laerte, Glauco, Ziraldo, Fábio Yabu, Fernando Gonsales, Adão Iturrusgarai, Iotti … isso só pra citar alguns dos mais conhecidos da atualidade. Se formos falar em artistas que estão aí na batalha com produtos de boa qualidade, não teria fim este parágrafo, mesmo assim, lá vai alguns poucos que lembro agora, com suas criações entre parênteses: Maxx (Betty Grupy), Estevão Ribeiro e Amauri Ploteixa (Tristão), Orlandeli (Grump), Arhur Garcia (Gamemon), Wilson Gandolpho (Zé Louquinho e Urubunaldo), Alexandra Teixeira (Zuzna), Antônio Lima (Leleco), Raí (Galo Costa), Nestablo Neto e Eduardo Miranda (Carcereiros), Dadi (Os Pleistocênicos), Carlos Henry e Elton Brunetti (Lobo Guará) – todos estes artistas até aqui citados, revelados no projeto “Graphic Talents” – André Macedo (Libório), Law Tissot (Cidade Cyber), Fábio Zimbres (edições Mini-Tonto) além, é claro, de mim mesmo, que me incluo aqui com o meu personagem Topman; só para anunciar alguns poucos quadrinhistas brasileiros que estão procurando sua fatia no mercado…

      Só que, é claro, toda essa cambada talentosa só vai conseguir entrar no mercado se nós, leitores apaixonados por HQs fizermos a nossa parte. O que ocorre então? Vocês se dizem “leitores de quadrinhos” ou “leitores de quadrinhos, desde que sejam importados”?

      Sabem por que o mercado de HQ é forte nos Estados Unidos? Porque os norte-americanos lêem os seus quadrinhos! Sabem por que o mercado de HQ é forte na Europa? Porque os europeus lêem os seus quadrinhos! Sabem por que o mercado de HQ é forte no Japão? Porque os japoneses lêem os seus quadrinhos! E sabem por quê o mercado de HQ é tão fraco no Brasil? Porque os brasileiros só lêem quadrinhos norte-americanos, europeus ou japoneses!!! Mais uma vez eu repito: “O que é isso, minha gente, não estão comprando quadrinhos nacionais, é?! Pô, que vergonha”!!!

      Deste jeito, não temos mesmo moral pra cobrarmos de uma editora o porquê dela parar de publicar uma revista que meia dúzia de gatos pingados estão colecionando! Coisa que, creio eu, não vai acontecer com o Spawn, por exemplo (tanto que foi o único título de super-herói que a Ed. Abril manteve, afinal, por aqui vende pra caral… ops!). E olha que nem estou dizendo pra pararem de colecionar Spawn e passarem a comprar quadrinhos nacionais! Não é isso! Eu mesmo tenho toda a coleção! Mas também tenho todas as edições do projeto “Graphic Talents” (que mesmo disfarçado com um título americano, não vingou… Pô Dário, da próxima vez soca logo o título de “Talentos Gráficos”!), todas as revistas dos Combo Rangers, algumas edições da Turma da Mônica e da Turma do Arrepio (alguém lembra dessa?), isso sem falar nas muitas publicações alternativas de autores brasileiros…

      Pois é, esta deveria ser a última parte do meu artigo mas, como já me prolonguei demais (de novo, eu sei…), minha sugestão para driblarmos esse atual cenário de crise “quadrinhística” fica pra mais adiante.

      Inté!

    Lorde Lobo

Compartilhe: