Uma ambição de nome Factótum
Em outubro de 1990, cinco fanzineiros uniram suas idéias para criar uma publicação repleta de colagens e grafismos intensos. Factótum foi elaborado para atingir a cena alternativa brasileira, com nítidas ambições editorias, numa publicação de qualidade gráfica acima da média do que vinha sendo encontrado entre os fanzines até então. Os responsáveis por essa ego-trip foram Cleomar Gonçalves, da cidade de Canguçu, editor dos zines Novo Humanóide, Música Ambiente, Novo Experimento, Der Golem e Tempo Esquece Tempo. Cláudio M.S.M. e Sávio Machado, de Pelotas, editores dos zines Mad House e O Corredor da Vida. Law Tissot editor do zine X-Tro e Marco Muller editor dos zines Mutação, Leve Desespero, Kuspindo na Cara, Gesto Estúpido, Amada Amante e Renunciar ao Coração, ambos de Rio Grande.
Essa turma reuniu suas obsessões particulares que ia de, poesias, histórias em quadrinhos, Ingmar Bergman, Woody Allen, Chico Buarque, Bill Watterson (Calvin & Haroldo), Inspiral Carpets, Happy Mondays, Stone Roses, 808 State, Twin Peaks até Charles Baudelaire. Com tantas influências e referências vindo deste time de fanzineiros experimentais, Factótum tinha tudo para ganhar a fama que se propôs. Mas não. Factótum acabou sendo uma publicação um tanto quanto inorgânica, sem alma, embalada por uma diagramação fria e distante dos leitores. Resultado, além de não ter seguido em frente, este fanzine acabou sendo esquecido até mesmo por seus editores. Praticamente toda a tiragem de 500 exemplares – uma extravagância para época – ficou esquecida nas casas dos criadores.
Mas não se pode negar a validade desta experiência de promover um fanzine que venha abranger a nossa região – ou ainda, fanzines coletivos que envolvam as culturas de cidades vizinhas -, visto que Rio Grande e Pelotas continuam com uma grande quantidade e variedade de artistas na cena alternativa que sempre nos surpreendem com alguma publicação independente, repleta de idéias e grafismos eloqüentes.
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