Areia Hostil entrevista

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Anderson Cossa

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Por Lorde Lobo (01/04/06)

 

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Um quadrinista cheio de humildade, que chegou de mansinho na Areia Hostil... veio na carona do Vagner Francisco, como desenhista das HQs dele. Aos poucos, foi mostrando seu talento, disse que tinha um personagem próprio, o Rui (de quem falaremos logo abaixo), e pediu a chance de mostrá-lo aos nossos leitores. Resultado: este personagem é hoje, um dos mais queridos da nossa publicação!

E então, vamos saber um pouco mais sobre este artista paranaense?

 


 

Areia Hostil: Nos fala um pouco de ti... quem é Anderson Cossa, onde e quando nasceu, onde mora, o que faz... enfim.

 

Anderson Cossa: Sou só mais um dos vários quadrinistas brasileiros, que estão na luta para melhorar a situação dos quadrinhos nacionais. Nasci, me criei e ainda moro na cidade de Cambé, no Paraná. Desde o dia 27 de fevereiro de 1977, o mundo conta com minha presença. Trabalho como segurança em um colégio particular na cidade vizinha Londrina, e também com fotografia nos finais de semana.

 

AH: Quando e de que forma se deu o teu interesse pelas HQs?

 

AC: Comecei aos 8 ou 9 anos de idade, lendo os famigerados “planos infalíveis” de um certo personagem de Mauricio de Souza. Acho que comecei bem, afinal, Turma da Mônica e Cia são legítimos quadrinhos nacionais. Depois passei a acompanhar os personagens Disney principalmente as histórias do Tio Patinhas. Aos 13 anos, conheci os quadrinhos de super-heróis. Capitão América, Homem-Aranha, X-Men, Liga da Justiça, Conan e Demolidor, são alguns dos primeiros quadrinhos que li. Na verdade é um histórico bem comum a leitores de quadrinhos.

 

AH: E quando tu notou que podias desenhar? Começou copiando quem?

 

AC: Não me lembro quando comecei, já desenhava desde muito cedo. Mas quando comecei a fazer Hqs, percebi que era diferente de fazer desenhos isolados, tipo pôsteres. O primeiro estilo que copiei foi de Mike Mignola, por seu incrível traço que usou na mini-série “Odisséia Cósmica”. Passei então a ser seu fã, e claro, do roteirista/desenhista Jim Starlim. Que por sinal em minha opinião é o melhor escritor cósmico que existe. Mais tarde passei a incorporar os traços de outros grandes desenhistas como Marc Silvestri, John Romita Jr., Alan Davis, Frank Miller, Jim Lee, Joe Madureira e, acreditem, até Milo Manara. Tudo para conseguir um estilo próprio que seja agradável aos leitores e a mim mesmo. Não deu ainda, mas vou conseguir algum dia. Gosto muito também de desenhistas nacionais, como Eugênio Colonesse, Watson Portela, Mike Deodato e Julio Shimamoto. Isso porque não estou nem citando os desenhistas que conheci nos zines atualmente.

 

 

AH: E quando surgiram os teus primeiros personagens próprios? Quem eram eles?

 

AC: Na verdade, sozinho, só criei o Rui, Sampson Boy, Os Irmãos Power e um personagem chamado Smith. Esse último, pertence a uma saga que criei com o Vagner Francisco, chamada "Mundo Sangrento". Ele é uma espécie de vilão misterioso e violento. Criei ele antes de Matrix, claro! Já em conjunto com o Vagner, Criei Frank e Walter, Os F.E.D.E.R.A.L, Major Brasil e os personagens desta história "Mundo Sangrento". São os que me lembro. Eles são bem antigos. Devem ter mais de 10 anos.

 

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Smith, criado por Cossa.

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AH: A tua parceria com o Vagner Francisco já é de longa data... como foi este encontro e qual a importância dele no teu trabalho?

 

AC: Conheço o Vagner desde a 7º Série do ensino fundamental. Ele foi transferido para minha escola e logo ficou conhecido por seus gibis feitos a mão. Todos disputavam para ler. Me tornei seu amigo e passamos a criar histórias juntos daí por diante. Como disse antes, criamos muitos personagens juntos. Quando tínhamos uma idéia, corríamos pra contar ao outro, e começávamos a trabalhar ela. Ainda estou me acostumando a trabalhar sozinho. O cara é muito fera!  Mas sei que posso sempre contar com ele, não apenas nos quadrinhos, porque nossa amizade vai muito além disso.

 

Ao lado, Anderson e Vagner

AH: Quais foram os projetos que tu e o Vagner desenvolveram?

AC: Deixe me ver... publicados em zines, temos "It´s my life" (Clube de Heróis e também no site do Areia Hostil.), "Assombrado" (Universo subterrâneo #3), "Trabalho Duro" (provavelmente Cabal #10), "No congestionamento" (Provavelmente no Universo Subterrâneo #4 e no site Areia Hostil), "Opções" (site Areia-hostil ) e  "Val" (zine Areia Hostil #6 e #9).

            

                                               Trabalho Duro                                             Assombrado                                           No Congestionamento

 

Rui estrelando na capa da AH # 11.

AH: E o super-herói cósmico chamado simplesmente de Rui? Como ele "nasceu"?

 

AC: Criei  ele e Sampson Boy, para atuar em um grupo chamado “Unforgiven”. Uma criação muita antiga na qual, não temos nada guardado. Me recordo que eles sempre disputavam pra ver quem chegava primeiro em um determinado lugar, e Sampson Boy, apesar de se teleportar  instantaneamente, sempre chegava depois do Rui. E ainda o Rui fazia um suco ou um lanche pra comer ao esperá-lo. Era muito divertido.

 

AH: Algumas pessoas acham o Rui e o Topman bastante parecidos... ambos são personagens com poderes universais, extremamente poderosos, grandes, fortes mas, ao mesmo tempo, muito simpáticos e inocentes! Mas o Rui parece ser imortal, já o Topman não... o Rui pode atravessar as barreiras dos universos e o Topman não... O que mais podes falar sobre nossos personagens?

 

AC: Rui é como se fosse uma criança de 5 anos com o poder de fazer tudo o que quiser. Ele não é somente forte. É como um Thanos (da Marvel Comics) portando todas as jóias do infinito, mas não tem idéia do poder que tem nas mãos. Mas ele também não é uma pessoa, é uma entidade cósmica ligada a todos os universos. Tive essa  idéia, porque poderia colocá-lo em qualquer universo,  como no do Star Wars, por exemplo. Ele tem uma boa desculpa para participar como convidado em qualquer história.

Já o  Topman, eu vejo como um adolescente, que é gentil e inocente, com poderes equivalentes ao do Super-Homem, não só o poder, mas o que ele representa pra seu universo: Super-Homem/DC Comics, Topman/Topverso. Quer dizer ele é o maior herói do seu universo!

 

AH: E desde a edição número 12 da Areia Hostil (em sua versão impressa), estes dois super-seres estão se encontrando... o que te levou a pô-los numa mesma HQ?

 

AC: Não me lembro quem começou com essa idéia. Só sei que surgiu em uma conversa minha com o Vagner Francisco. Conversávamos sobre um encontro entre Topman e o Rui, mas eles tinham que sair no braço pra ficar legal. Gostei da idéia. Mas como fazer isso sem  passar dos limites com um personagem que não é meu? Uma luta sempre alguém apanha... Bom, então os dois tinham que levar uns tabefes! Pensei eu! Depois de acertado os detalhes entre os criadores ( eu e Lorde Lobo ), meti a mão na massa. Joguei o Rui no Topverso e importei seus vilões de longa data: Os Irmãos Power. E continuei a cronologia das histórias do Rui, como se  esse encontro fosse parte dela.

Ah! Sim. O que me levou a fazê-la? As várias ligações do Vagner, perguntando quando eu iria começar!

 

 

Rui X Topman, pelo traço

de Anderson Cossa.

AH: Muitos falam que todo personagem tem um pouco do seu criador, ou que o criador se projeta em seu personagem, o que dá no mesmo! E ao repararmos no Rui e em ti, notamos que vocês são muito parecidos no formato do rosto, cabelos, tipo físico... Isso foi proposital, ou aconteceu sem perceberes?

AC: Na verdade, eu realmente fiz o Rui baseado em mim mesmo. Todos os personagens que criei, sozinho ou em conjunto com alguém, é feito em cima de uma pessoa que existe. O Sampson Boy, por exemplo, tem a semelhança, tanto em imagem como comportamento, de um dos meus sobrinhos. Uso até visual de atores e músicos, mas nesse caso, eu crio sua personalidade. E sim, há outras versões inspiradas em mim mesmo, mas que não se parecem muito comigo. Caso do Smith. Se você é amigo meu, corre o risco de se tornar um de meus personagens.

 

AH: Qual o futuro do Rui? Pretendes continuar trabalhando com ele ou um dia pretendes explorar teus outros personagens?

 

AC: Pretendo sim dar um tempo no Rui, em um  futuro próximo. Quero trabalhar com personagens não cósmicos e fazer parcerias com outros quadrinistas também. O que não significa que abandonarei o Areia Hostil.  Vou  continuar  lá, só que trabalhando com outros personagens.

 

AH: Bem, Cossa, nós vamos ficando por aqui! Agradeço a oportunidade desta entrevista e deixo o espaço para tuas palavras finais.

 

AC: Gostaria de agradecer algumas pessoas:

Primeiramente a Deus, pela força que nos dá todos os dias, e assim nos faz sempre seguir em frente; ao meu melhor amigo Vagner Francisco, por tudo que já fez por mim até hoje; a Sérgio Chaves, que conheço há pouco tempo, mas se mostrou um grande amigo e companheiro de projetos; ao Professor Gerson e JJ Marreiro, que sempre trocamos idéias pela internet e via correio; ao Clodoaldo Cruz, pelo apoio que me deu em seu zine Cabal; e claro, a você Lorde Lobo, pelo espaço que abre aos meus trabalhos, tanto no fanzine como no site da Areia Hostil. Não posso esquecer de dar um alô a todas as pessoas que me dão uma força no meu fotolog: http://fotolog.terra.com.br/andersoncossa .

Um abraço a todos!